Por Courtney Mares
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15 de dez de 2023 às 13:52
A arquidiocese de Liubliana, Eslovênia, anunciou hoje (15) que a Santa Sé decidiu encerrar a comunidade religiosa de irmãs co-fundada pelo padre ex-jesuíta Marko Rupnik, acusado de abuso espiritual, psicológico e sexual por várias irmãs.
A arquidiocese disse que as irmãs da Comunidade de Loyola receberam ontem (14) um decreto do Dicastério da Santa Sé para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica sobre a dissolução de sua comunidade “devido a sérios problemas relativos ao exercício da autoridade e ao modo de viver juntos”.
Segundo a declaração de hoje (15), a dissolução da comunidade deve ocorrer dentro de um ano. O decreto é do dia 20 de outubro.
Rupnik fundou a Comunidade Loyola com a irmã Ivanka Hosta em Ljubljana, Eslovênia, há mais de três décadas. O sacerdote e artista de mosaicos foi afastado da ordem dos jesuítas em junho por não obedecer ordens de se manter longe de ações e declarações públicas.
A diocese de Koper, na Eslovênia, disse, em 25 de outubro, que Rupnik foi incardinado lá no final de agosto para o ministério sacerdotal.
Depois disso, a Santa Sé anunciou que Rupnik enfrentará um processo canônico por causa das alegações de abuso.
Segundo uma italiana que o acusa, Rupnik a orientou a entrar na Comunidade Loyola, na Eslovênia, exigindo “absoluta disponibilidade e obediência”, isolando-a de seus amigos e familiares, em um momento em que ele estava abusando dela física e espiritualmente.
“O padre Marko começou abertamente a coagir outras irmãs da comunidade com as habituais estratégias psicoespirituais que já tinha usado comigo, com o objetivo de fazer sexo com o maior número de mulheres possível”, disse a ex-irmã de Loyola ao jornal italiano Domani em dezembro de 2022.
“No início da década de 1990 havia 41 irmãs e, pelo que sei, o Padre Rupnik conseguiu abusar de quase 20”, disse ela.
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Rupnik atuou como capelão da Comunidade Loyola até romper com a comunidade religiosa em setembro de 1993. Várias irmãs deixaram a comunidade com Rupnik, seguindo-o para Roma, onde ele abriu uma escola de arte e teologia, o Centro Aletti. Como teólogo, Rupnik é autor Secondo Lo Spirito: La Teologia Spirituale in Cammino con la Chiesa di Papa sco, editado pela editora da Santa Sé na coleção “Teologia do Papa Francisco”.
O padre artista também foi acusado de praticar atos sexuais com mulheres consagradas do centro.
Hosta atuou como superiora geral da comunidade de Loyola de 1994 a 2023. Ela foi discretamente removida do governo da comunidade em junho por um decreto enviado pelo bispo auxiliar de Roma, Daniele Libanori, também jesuíta.
A ex-superiora religiosa foi ordenada a não ter qualquer contato com membros atuais ou ados da Comunidade Loyola durante três anos e, como “penitência externa”, para fazer uma peregrinação mensal durante um ano a um santuário mariano para rezar “pelas vítimas do comportamento do padre Marko Ivan Rupnik e por todos os religiosos da Comunidade Loyola”, a quem ela é acusada de prejudicar.
Libanori soube pela primeira vez alegações de abuso sexual e espiritual de irmãs religiosas por parte de Rupnik quando foi enviado para investigar a Comunidade Loyola na Eslovênia, no meio de queixas sobre Hosta.
Segundo comunicado da arquidiocese de Liubliana, o arcebispo Stanislav Zore pediu uma visita à Comunidade Loyola em 2019 e informou o Dicastério da Santa Sé para a Vida Consagrada dos resultados da visita em fevereiro de 2020.
Como a Comunidade Loyola tinha a sua casa geral em Roma, o dicastério da Santa Sé entregou o assunto à diocese de Roma, que enviou um comissário para falar com as irmãs e enviou um relatório final ao dicastério em setembro de 2022 através da Nunciatura Apostólica.
A diocese de Roma publicou um relatório sobre sua investigação do Centro Aletti de Rupnik em setembro, concluindo que o centro tinha “uma vida comunitária saudável... livre de problemas particularmente sérios”, uma declaração que causou “perplexidade” às vítimas do suposto abuso espiritual e sexual de Rupnik.
Courtney Mares é correspondente em Roma, Itália, pela Catholic News Agency (CNA), agência em inglês da EWTN. Formada pela Universidade de Harvard, nos EUA, ela fez reportagens em agências de notícias em três continentes e recebeu a bolsa Gardner Fellowship por seu trabalho com refugiados norte-coreanos.