Na última entrevista que deu, o cardeal Carlo Maria Martini disse que a Igreja estava 200 anos atrasada. Para “reavivar as brasas sob as cinzas” de uma Igreja “cansada na Europa do bem-estar e nos EUA”, Martini defendia mudanças que aproximassem a Igreja do homem moderno. “Questões sobre sexualidade e todos os temas que envolvem o corpo são um exemplo”, disse o cardeal. “Precisamos nos perguntar se as pessoas ainda seguem o ensinamento da igreja em questões sexuais. A Igreja ainda é uma referência de autoridade nesse campo, ou é só uma caricatura na mídia?”.

Para o cardeal, além disso, “nem o clero nem a lei eclesiástica substituem a vida interior da pessoa humana. Todas as regras externas, as leis, os dogmas, estão aí para esclarecer essa voz interior e para o discernimento dos espíritos”.

“Os sacramentos não são um instrumento de disciplina, mas uma ajuda para as pessoas em sua jornada e na fraqueza de suas vidas”, disse Martini na mesma entrevista, muitas vezes apontada como seu testamento espiritual. “Estamos levando os sacramentos às pessoas que precisam de novas forças? Penso em todas as pessoas divorciadas e recasadas. Elas precisam de proteção especial”.