Cidade do México, 15 de fev de 2019 às 13:00
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Em meio a tanta violência e repressão que a Nicarágua enfrenta atualmente, “é uma alergia sofrer com o povo", assegurou o Bispo de Granada, Dom Jorge Solórzano Pérez, em sua agem pelo México de 12 a 16 de fevereiro para participar da segunda Noite das Testemunhas da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).
Desde o dia 18 de abril de 2018, uma série de manifestações contra as reformas da previdência e de outros benefícios sociais geraram confrontos entre o governo do presidente Daniel Ortega e os grupos da oposição.
Estima-se que mais de 500 pessoas tenham morrido em meio à violenta repressão exercida pelo regime.
Em julho de 2018, um grupo de paramilitares ligados ao governo de Ortega atacou sacerdotes e bispos, entre os quais o Arcebispo de Manágua, Cardeal Leopoldo José Brenes; o Bispo Auxiliar de Manágua, Dom Silvio José Báez; e o Núncio Apostólico na Nicarágua, Dom Waldemar Somertag.
Em entrevista concedida ao Grupo ACI, Dom Solórzano Pérez reconheceu que "estar com o povo tem o seu preço, mas cremos que essa é a missão e esse é o melhor caminho, não pensamos em mudar”.
"Agora que estão sofrendo muito com a pobreza, com os ataques, muitas vezes nos resta apenas acompanhá-los em seu sofrimento, em sua dor. Estou convencido de que esta é a missão do bispo e todos os bispos estamos nessa linha, de acompanhar as pessoas, ainda que soframos a mesma coisa que o povo sofre", disse.
Daniel Ortega assumiu a presidência da Nicarágua em 2007 e foi reeleito duas vezes em meio à polêmica.
Já havia governado o país anteriormente entre 1979 e 1985 como coordenador da Junta de Governo de Reconstrução Nacional, após o triunfo da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) na guerra civil contra Anastasio Somoza.
Terminado o mandato da Junta de Governo, Ortega ganhou as eleições para o período presidencial de 1985 a 1990.
Entre outras reivindicações, os opositores de Ortega exigem que ele finalmente renuncie ao poder.
O Bispo de Granada destacou que o povo católico da Nicarágua "é muito fervoroso" e "tem três grandes amores, como dizia São João Bosco, os amores brancos".
"O primeiro é o amor ao Papa e aos bispos e, nesta crise, a juventude e o povo têm confiado nos bispos, porque o povo escuta a voz dos bispos, reza pelos bispos, acompanha os bispos, o Papa e os sacerdotes".
Essa proximidade, segundo ele, também acontece da hierarquia da Igreja para com o povo, pois os bispos e sacerdotes conhecem a "vida, os sentimentos e pensamentos de todas as comunidades, das pessoas, até mesmo dos mais humildes, dos mais simples".
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O segundo amor dos católicos nicaraguenses, expressou, é ao "Santíssimo", pois é "um povo que se refugia muito em Cristo Eucaristia".
"Nestes tempos de crise que temos vivido desde abril do ano ado, as pessoas pediam para sair com o Santíssimo, que o sacerdote saísse com o Santíssimo pelas ruas quando houvesse violência, enfrentamentos”, recordou.
"Bispos e sacerdotes saímos com o Santíssimo em meio a balas, bombas, morteiros, e isso acalmava tudo, toda a violência. Essa presença de Jesus Eucaristia, esse amor de Jesus Eucaristia é forte e nos acompanhou nos momentos mais difíceis".
O terceiro amor dos nicaraguenses, disse, é a "Virgem".
"Podemos identificar todos os nicaraguenses com uma pergunta: ‘quem causa tanta alegria’? O nicaraguense vai responder: ‘a concepção de Maria’. Onde o encontrar, em qualquer lugar do mundo”.
"É um amor grandíssimo à Santíssima Virgem e tê-la como mãe que os acompanha em todos os momentos difíceis", disse.
O Prelado nicaraguense reconheceu que os bispos do país "estão preocupados porque a crise a cada dia, em vez de acabar, ou de ter uma luz, vai aprofundando cada vez mais. A economia está afundando, há muitas pessoas sem emprego, pessoas que precisam sair do país para procurar emprego".
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Para Dom Solórzano Pérez, é importante "voltar ao diálogo. Acreditamos que é o caminho que pode nos levar a uma solução pacífica".
"Porque as pessoas não querem mais guerra, ninguém quer violência ou morte. Queremos uma solução para este conflito, para esta crise, mas pacificamente", afirmou.
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