Por Victoria Cardiel
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13 de jun de 2025 às 16:32
O papa Leão XIV disse hoje (13) que “a pobreza mais grave é não conhecer a Deus” e disse que, ao ter Deus como “companheiro de viagem”, as riquezas materiais se tornam relativas, porque “se descobre o verdadeiro tesouro de que realmente precisamos”.
“Frequentemente, as riquezas iludem e conduzem a situações dramáticas de pobreza, sendo a primeira dessas ilusões pensar que não precisamos de Deus e conduzir a nossa vida independentemente d’Ele”, disse o papa.
Leão XIV disse isso em sua mensagem para o IX Dia Internacional dos Pobres, que será celebrado no domingo, 16 de novembro de 2025, mas que foi divulgada hoje (13) pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
Leão XIV falou sobre o risco de “se habituar e resignar-se” à sucessão de novas ondas de empobrecimento.
Assim, ele enquadrou a responsabilidade social de promover o bem comum, que caracteriza a Igreja, no "gesto criador de Deus, que dá os bens da terra a todos"; e como estes, " também os frutos do trabalho do homem devem ser igualmente íveis", disse o papa.
Leão XIV citou santo Agostinho, que disse: “Damos pão a quem tem fome, mas seria muito melhor que ninguém asse fome e não precisássemos ser generosos para com ninguém. Damos roupas a quem está nu, mas Deus queira que todos estejam vestidos e que ninguém e necessidades sobre isso” (Comentário à 1 Jo, VIII, 5).
O papa disse que ajudar os pobres "é uma questão de justiça, muito antes de ser uma questão de caridade".
“Todos os dias, encontramos pessoas pobres ou empobrecidas e, às vezes, pode acontecer que sejamos nós mesmos a possuir menos, a perder o que antes nos parecia seguro: uma casa, comida suficiente para o dia, o a cuidados de saúde, um bom nível de educação e informação, liberdade religiosa e de expressão”, disse também Leão XIV.
Para o papa, o Dia Mundial dos Pobres busca lembrar à Igreja que "os pobres estão no centro de toda a ação pastoral", não só de sua "dimensão caritativa, mas igualmente naquilo que a Igreja celebra e anuncia".
"Através das suas vozes, das suas histórias, dos seus rostos, Deus assumiu a sua pobreza para nos tornar ricos", disse Leão XIV na mensagem que assinou hoje, festa de santo Antônio de Pádua, padroeiro dos pobres.
No texto, ele disse realmente que os pobres "não são um atempo para a Igreja, mas sim os irmãos e irmãs mais amados". Assim, o papa enfatizou que "cada um deles, com a sua existência e também com as palavras e a sabedoria que trazem consigo, levam-nos a tocar com as mãos a verdade do Evangelho".
Leão XIV enfatizou repetidamente em sua mensagem que os pobres não são meros "objetos" do cuidado pastoral da Igreja, mas os definiu como "sujeitos criativos que nos estimulam a encontrar sempre novas formas de viver o Evangelho hoje".
Assim, ele disse que toda forma de pobreza é um apelo “a viver concretamente o Evangelho e a oferecer sinais eficazes de esperança”.
O papa destacou como pessoas sem recursos podem se tornar testemunhas de uma "esperança forte e confiável, precisamente porque professada numa condição de vida precária, feita de privações, fragilidade e marginalização".
"Ele não confia na segurança do poder ou das posses; pelo contrário, sofre com elas e frequentemente é vítima delas. Sua esperança só pode estar em outro lugar", disse também Leão XIV.
Assim, ele disse que quando Deus é colocado no centro como a “primeira e única esperança”, é precisamente quando se faz “a agem entre as esperanças que am e a esperança que permanece”.
A pior discriminação sofrida pelos pobres é “a falta de cuidado espiritual” 5d4c2g
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Leão XIV citou a encíclica Evangelii gaudium de seu antecessor, o papa Francisco, que afirmou que a pior discriminação sofrida pelos pobres é “a falta de cuidado espiritual”.
"É uma regra da fé e um segredo da esperança: embora importantes, todos os bens desta terra, as realidades materiais, os prazeres do mundo ou o bem-estar econômico não são suficientes para fazer o coração feliz", enfatizou ele.
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O papa também refletiu sobre a "circularidade" existente entre as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. "A esperança nasce da fé, que a alimenta e sustenta, sobre o fundamento da caridade, que é a mãe de todas as virtudes. E precisamos de caridade hoje, agora", disse Leão XIV.
Por isso, ele disse que a caridade é uma realidade que "envolve-nos, orientando as nossas decisões para o bem comum".
"Em vez disso, quem carece de caridade não só carece de fé e esperança, mas tira a esperança ao seu próximo", disse também o papa.
Referindo-se especificamente à esperança cristã à qual se refere a Palavra de Deus, Leão XIV disse que ela "é certeza no caminho da vida", porque não depende das forças humanas, mas da promessa de Deus, que é sempre fiel.
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Por isso, ele disse que os cristãos, desde o início, buscam identificar a esperança com o símbolo da âncora, que proporciona estabilidade e segurança. “No meio das provações da vida, a esperança é animada pela firme e encorajadora certeza do amor de Deus, derramado nos corações pelo Espírito Santo. Por isso, ela não decepciona (cf. Rm 5, 5)”, reafirmou ele.
A caridade é o maior mandamento social da Igreja a1y4l
O papa enfatizou que “o convite bíblico à esperança traz consigo o dever de assumir, sem demora, responsabilidades coerentes na história". Assim, Leão XIV disse que a caridade "é o maior mandamento social", como diz o Catecismo da Igreja Católica de 1889.
“A pobreza tem causas estruturais que devem ser enfrentadas e eliminadas. À medida que isso acontece, todos somos chamados a criar novos sinais de esperança que testemunhem a caridade cristã, como fizeram, em todas as épocas, muitos santos e santas”, disse também ele.
Segundo Leão XIV, hospitais e escolas são instituições criadas para expressar o acolhimento dos mais fracos e marginalizados, e "deveriam fazer parte das políticas públicas de todos os países". No entanto, ele lamentou que "as guerras e as desigualdades frequentemente ainda impedem isso".
O papa também destacou como exemplos concretos de esperança “as casas-família, as comunidades para menores, os centros de acolhimento e escuta, as refeições para os pobres, os dormitórios e as escolas populares”.
“São tantos sinais, muitas vezes ocultos, aos quais talvez não prestemos atenção, mas que são muito importantes para se desvencilhar da indiferença e provocar o empenho nas diversas formas de voluntariado!”, disse também ele.
Por fim, Leão XIV pediu a promoção do desenvolvimento de políticas de combate "às antigas e novas formas de pobreza, além de novas iniciativas de apoio e ajuda aos mais pobres entre os pobres".
“Trabalho, educação, habitação e saúde são condições para uma segurança que jamais se alcançará com armas. Congratulo-me com as iniciativas já existentes e com o empenho que é manifestado diariamente a nível internacional por um grande número de homens e mulheres de boa vontade”, concluiu o papa.
Victoria Cardiel é jornalista especializada em temas de informação social e religiosa. Desde 2013, ela cobre o Vaticano para vários veículos, como a agência de noticias espanhola Europa Press, e o semanário Alfa y Omega, da arquidiocese de Madri (Espanha).