Por Almudena Martínez-Bordiú
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9 de jun de 2025 às 12:07
“Como podemos comunicar com esperança na Europa de hoje?” Essa é a pergunta que um grupo de comunicadores e jornalistas da Igreja buscou responder num encontro organizado pelo Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE).
Todos os anos, a CCEE reúne assessores de imprensa de toda a Europa numa cidade europeia diferente. A cidade anfitriã deste encontro, a 25ª edição, feita de 3 a 5 de junho, foi Praga, capital da República Tcheca.
Como parte do Jubileu da Esperança, especialistas de 18 países da União Europeia se reuniram para refletir sobre a comunicação que "restaura sentido" à vida das pessoas, ou seja, a comunicação que fala de Deus.
Daniel Arasa, consultor do Dicastério para a Comunicação e decano da Faculdade de Comunicação Social Institucional da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma, abriu o encontro com a apresentação "O serviço dos comunicadores eclesiais à Igreja no contexto atual".
Arasa falou à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, sobre um dos principais problemas enfrentados pelos comunicadores institucionais: a falta de confiança nas instituições. Por isso, ele enfatizou a importância de uma renovação focada em três linhas de ação.
Um “reflorestamento cultural” 24y5r
Primeiro, ele destacou o chamado “reflorestamento cultural”, metáfora que ressalta a urgência de “plantar” novos valores na sociedade “que deem sentido e unidade à convivência”.
Arasa ressaltou que esses valores foram erradicados não só pela ignorância religiosa e pela descristianização, mas também por um processo que começou na década de 1960 "com as teorias de gênero, o feminismo radical, a exacerbação do individualismo e o relativismo".
Uma série de fenômenos, disse ele, "esvaziou conceitos como homem, mulher, família, amor e doação de seu conteúdo antropológico, que até recentemente eram difundidos mundialmente e permitiam o diálogo e a convivência social. Agora, eles foram esvaziados de seu conteúdo".
Quando essas "árvores" são removidas, disse o especialista em comunicação, "a montanha desaba". Por isso, ele enfatizou a responsabilidade dos comunicadores da Igreja de "reflorestar culturalmente a sociedade", termo cunhado por um dos professores da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, istrada pela Opus Dei, em Roma.
Dando esperança apesar das más notícias 193s3k
Em sua apresentação, Arasa também enfatizou a necessidade de fomentar a criatividade na comunicação e "gerar empatia".
Por fim, ele citou quatro qualidades que um comunicador religioso deve ter: "desejo de formação contínua, serviço, unidade com o papa, bom humor e alegria".
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Diante das guerras e da secularização na Europa, Arasa disse que dar esperança não é só comunicar boas notícias, mas "ser capaz de falar de coisas negativas em um contexto de fé, ou seja, de esperança".
Ele também enfatizou que as pessoas "querem ouvir histórias", então as instituições devem ser apresentadas por meio de uma história, não da instituição em si.
A beleza e a alegria que enchem a vida de significado 1h632l
O italiano Alessandro Gisotti, vice-diretor de redação do Dicastério para a Comunicação e ex-porta-voz da Santa Sé de 2018 a 2019, no pontificado do papa Francisco, falou sobre o tema "A comunicação do Papa Francisco com o Papa Leão", dizendo que, para entender o papa Leão XIV, "é preciso conhecer santo Agostinho".
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A sessão final foi sobre o tema “Jornalistas e comunicação do Vaticano”, com falas de Javier Martínez Brocal, especialista em Santa Sé e correspondente do jornal espanhol ABC, e Josef Pazderka, editor-chefe da Český rozhlas Plus, a estação de rádio da República Tcheca.
Brocal destacou que os que perderam o propósito de vida ou estão desesperados encontram a resposta na Igreja, mesmo que não a procurem diretamente.
Arasa ecoou as observações de Martínez-Brocal, enfatizando que "a Igreja é uma das poucas, senão a única, instituições que pode dar sentido a muitas dessas questões". Nesse sentido, ele enfatizou que as mesmas pessoas que gravitam em direção ao "orientalismo, ao mindfulness (atenção plena) etc, estavam muito atentas ao que estava acontecendo no conclave".
"A própria beleza dos rituais, as orações, a sensação de alegria que permeava as pessoas, nas praças... essas são coisas que mostram que há uma dimensão espiritual por trás disso; é o que realmente enche as pessoas de significado", disse também o especialista em comunicação.
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Nesse contexto, ele disse que Leão XIV visa "recuperar a primazia de Cristo", tema também enfatizado por Francisco.
"As pessoas precisam de respostas, e só Deus é a resposta, e não devemos ter medo de apresentá-la de modo muito positivo e não impositivo. Trata-se de transmitir uma mensagem de alegria", disse Arasa.
Testemunho de vida e coerência 1l1a3o
Por fim, ele enfatizou a importância da coerência: "Não podemos falar de Cristo e apresentar Cristo sem testemunhá-Lo com a nossa vida. Tudo o que dizemos deve ter esse espírito evangelizador, algo que o papa enfatiza constantemente".
O encontro também teve várias atividades culturais, como uma missa na capela de São Venceslau da catedral de Praga, celebrada pelo arcebispo de Olomuc, Josef Nuzík, presidente da Conferência Episcopal Tcheca (CBC, na sigla em inglês).
Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.