Por Abah Anthony John
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6 de jun de 2025 às 16:28
O bispo de Makurdi, Nigéria, Wilfred Chikpa Anagbe, condenou os contínuos ataques mortais em sua sede episcopal como um “genocídio”.
O bispo Anagbe disse à ACI Africa, agência da EWTN na África, que desde 2018, ele fechou cerca de 17 paróquias. Ele descreveu os assassinatos como parte de uma campanha sistemática de conquista territorial e perseguição religiosa que tem como alvo comunidades cristãs no Estado de Benue, na Nigéria.
“Nenhuma nação assiste aos seus cidadãos serem massacrados como animais e diz que não há nada a ser feito. Isso genocídio”, disse o bispo nigeriano à ACI Africa na quarta-feira (4).
Ele falou sobre o impacto negativo dos ataques, como o mais recente, dizendo: “Desta vez, entre 27 de maio e hoje, fechamos mais duas paróquias, elevando para 17 o número total de paróquias fechadas na minha diocese devido a assassinatos cometidos por pastores fulani”.
“Algumas paróquias se estendem por até 20 km, com muitas estações e zonas. Quando falamos de 17 paróquias fechadas, significa que uma comunidade inteira foi deslocada e tomada. Elas não podem voltar”, disse o bispo de Makurdi.
Nas recentes ondas de ataques, houve o massacre de cerca de 20 pessoas em 25 de maio e um ataque no domingo (1), que matou pelo menos 13 pessoas.
Esses ataques deram continuidade ao padrão de violência que, segundo o bispo Anagbe, visa mudar a composição demográfica de Benue, Estado nigeriano com uma pequena população muçulmana.
“Não acontece mais só em momentos festivos. Agora é uma ocorrência constante. Desde o início, sempre foi uma guerra jihadista — uma tentativa de ocupar e conquistar territórios. Não há outra explicação. É uma guerra islâmica que visa atingir tribos predominantemente cristãs”, enfatizou Anagbe.
O nigeriano, que faz parte dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (CMF/Claretianos) expressou frustração com a incapacidade do governo nigeriano de conter a violência.
“Ninguém se sentiria bem com isso. É um momento de confusão. Não somos responsáveis pela segurança e não temos meios de proteger nosso povo. Os responsáveis devem agir agora e impedir os assassinatos”, disse.
O líder eclesial disse que o governo nigeriano tem capacidade para pôr fim à violência, mas falta-lhe vontade política. “A Nigéria tem capacidade para lidar com isso. Só falta vontade”, disse o bispo Anagbe.
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Segundo ele, o governo está envolvido: “O governo está ajudando, apoiando e incitando essas pessoas a continuarem matando nosso povo. Ponto final”.
Anagbe falou sobre o silêncio e a cumplicidade em torno da identidade dos agressores. “Quem são essas pessoas? São espíritos? Não são. O governo sabe o que fazer”, disse.
Sobre a proliferação de armas ilegais, o bispo disse: “Pessoas com armas particulares estão por toda parte. Não é algo escondido. No entanto, o governo prende cidadãos que falam sobre isso”.
“Quando dizemos terroristas fulani, ninguém nega. Se seu filho é mau, não é seu filho? Vamos chamar a situação pelo que é”, disse o bispo de Makurdi.
Ele tem se manifestado abertamente sobre o aumento da violência no estado de Benue. Em 12 de março, ele fez um apelo aos EUA para que reclassificassem a Nigéria como um País de Preocupação Particular (C, na sigla em inglês), devido ao aumento dos ataques islâmicos contra cristãos no país.
O bispo falou à Subcomissão sobre África da Câmara dos Representantes dos EUA sobre as atrocidades perpetradas contra cristãos na Nigéria, na região do Cinturão Médio e, em particular, no estado de Benue.
Ele detalhou a perseguição aos cristãos, especialmente nas regiões norte e central da Nigéria, onde disse haver uma agenda "para reduzir e, eventualmente, eliminar a identidade cristã" do país.
O discurso atraiu reações negativas de líderes muçulmanos do país, que descreveram o testemunho do bispo como "infundado".
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No domingo (1°), membros da Associação de Padres Diocesanos Católicos da Nigéria (NCDPA, na sigla em inglês), na diocese de Makurdi, condenaram a onda de ataques mortais direcionados, descrevendo-os como uma "perseguição sistemática aos cristãos" deliberadamente destinada a desestabilizar e causar angústia a Anagbe.
Anagbe exortou o povo de Deus sob seus cuidados pastorais a se apegar à sua fé, apesar do aumento de ataques violentos. "Nossa fé não deve enfraquecer. Se isso acontecer, em quem confiaremos? Temos que confiar em Deus. Nossa fé Nele nunca nos decepcionará", disse o bispo.
“Deus pode mudar até as pessoas mais endurecidas. Aqueles que morrem, morrerão. Aqueles que vivem contarão a história”, disse também Anagbe.
“Continuaremos a rezar e a pedir orientação a Deus. Deus é a fonte de toda civilização. Ele nunca nos decepcionará”, disse o bispo.
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Abah Anthony John é um jornalista nigeriano com grande interesse pela comunicação da Igreja Católica e pelo apostolado da mídia. É bacharel em Comunicação de Massa pela Benue State University, em Makurdi, na Nigéria. Tem vasta experiência em produção impressa, eletrônica e multimídia.