Por Natalia Zimbrão
f652l
23 de abr de 2025 às 13:02
“Agora o que a gente quer é realmente pedir a Deus a graça de que este papa interceda, o papa Francisco interceda por nós, para que a gente possa desenvolver este ideal evangélico o mais possível na direção do que ele nos indicou e do que ele testemunhou”, disse o prefeito emérito do dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, cardeal João Braz de Aviz, a Vatican News, serviço oficial de informação da Santa Sé.
Dom João Braz de Aviz é um dos sete brasileiros aptos a votar no conclave para eleição do próximo papa. Ele foi eleito presidente da então Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica em 2011 pelo papa Bento XVI. Com a eleição de Francisco, em 2013, foi confirmado no cargo, que ocupou até janeiro deste ano.
Para o cardeal Aviz a “fortíssima experiência da misericórdia de Deus” é uma marca do pontificado de Francisco.
O Papa mostrou que “Deus é aquele com o qual eu posso contar quando eu errei tudo”, disse dom Aviz. “Eu posso contar com Ele. Ele me acolhe. Ele é a única porta que ainda permanece aberta. E isso, na formação da gente, às vezes faltou em algumas coisas, em algum momento, ou não foi completa”.
Para dom João, “o papa Francisco não deixou dúvidas sobre isso”. “A misericórdia de Deus é tudo, é tudo, e se a Igreja se tornar misericórdia, como o papa foi misericórdia, não sei, há tanta experiência para o mundo, de fato, há como agora um olhar positivo sobre a missão da Igreja por causa desta atitude”, completou.
O cardeal falou também sobre a necessidade de “levar para frente de modo estrutural” o exemplo de amor aos pobres deixado por Francisco. “Aqueles que são os abandonados, deixados de lado, que estão nas nossas ruas, que não têm mais oportunidade, que não podem cuidar da sua saúde, que não podem comer, que não podem ter paz, que são mortos. Nós precisamos, a Igreja precisa, como ela está fazendo, mas ela precisa acentuar isso mais”, disse.
Maria é o lugar da mulher 63695f
Em janeiro deste ano, o cardeal João Braz de Aviz foi substituído à frente do dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica pela irmã Simona Brambilla, a primeira mulher prefeita de um dicastério, nomeada pelo papa Francisco.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram y3i42
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
O prefeito emérito disse agradecer “a Deus, porque ficou no nosso dicastério a indicação de uma luz possível que o papa fez com toda a Igreja”.
Para dom João, o papel da mulher na Igreja é um dos aspectos “que a gente tem que dobrar a nossa cabeça diante do trabalho” que o papa Francisco fez. “Papa Francisco tinha um olhar para a mulher de um modo muito profundo, tanto que ele dizia, a Igreja é mulher”, disse, ao ressaltar que “a gente viu crescer a figura da mulher”.
Para dom João, “a mulher é o centro da vida”, tanto que Jesus “quis nascer de uma mulher” e “aí está o auge de tudo”. “Essa mulher se fez pequena para poder conter esse Deus tão grande, um mistério tão grande”.
“Maria vai ficar sempre na história como o lugar da mulher. É esse o lugar da mulher, é o lugar de Maria, é o lugar daquela que está colaborando, que está codividindo, que está dando o exemplo, que não está impondo. E eu acho que isso nós temos que integrar muito de novo”, completou.
A vida religiosa no pontificado de Francisco 3u6g2e
O cardeal João Braz de Aviz também falou sobre como o papa Francisco cuidou da vida. Para ele, que durante a maior parte dos 12 anos de pontificado esteve à frente desse dicastério, “o papa Francisco nos fez voltar à busca de uma experiência profunda de Deus”, como “testemunhas desse amor de Deus”, e a “conquistar essa vida fraterna entre nós nas comunidades, na consagração”.
“Depois, não viver para nós mesmos, mas sair de dentro, digamos assim, das nossas paredes, de dentro da nossa estabilidade de vida, ir ao encontro do povo, porque essa é a marca do papa, o papa nunca quis estar sozinho, ele nunca quis viver sozinho”, disse ao destacar que Francisco “acabou morrendo praticamente no meio do povo”, depois de ter dado a bênção Urbi et Orbi e percorrido de papamóvel a praça de São Pedro, em meio a uma multidão, no domingo de Páscoa (20).
Natalia Zimbrão é formada em Jornalismo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É jornalista da ACI Digital desde 2015. Tem experiência anterior em revista, rádio e jornalismo on-line.