Por Victoria Cardiel
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11 de mar de 2025 às 16:19
O rearmamento nuclear está levando “à aniquilação da humanidade”, disse Nicolás Paz Alcalde, diretor da Iniciativa Católica de Não-Violência, ligada à Pax Christi International.
"É absolutamente incoerente investir em armas para evitar um conflito, mas nos parece que a não-violência é uma atitude ingênua e que o rearmamento é o mais racional", disse Alcalde à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.
Paz Alcalde é membro do Comitê Coordenador do Instituto Católico para a Não-Violência, inaugurado em Roma em setembro do ano ado, do qual também faz parte o cardeal americano Robert W. McElroy, que toma posse hoje (11) como arcebispo de Washington D.C., EUA.
O aumento dos gastos com defesa a nível europeu já é uma realidade. Na semana ada, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou que estava prestes a iniciar a era do “rearmamento europeu” com medidas que vão mobilizar até € 800 bilhões (cerca de R$ 5 trilhões) no continente.
Isso mostra que o que predomina na corrente dominante é a crença “de que a violência é uma ferramenta que funciona”, diz Alcaide.
No entanto, o Instituto Católico para a Não-Violência tem várias investigações acadêmicas que indicam o oposto.
Paz Alcalde cita como exemplo as pesquisas acadêmicas lideradas pelas especialistas Erica Chenoweth e Maria J. Stephan, da Universidade de Columbia, sobre a efetividade de diferentes campanhas civis de resistência pacifica.
Marie Dennis é outra das maiores autoridades em campanhas anti-guerra.
A especialista e ex-presidente da Pax Christi International, a quem o cardeal McElroy pediu para acompanhá-lo em sua posse, liderou uma investigação que mostra que os movimentos sociais mais bem-sucedidos são os que mantêm a não-violência como disciplina, mesmo quando são sujeitos à repressão ou tortura.
Para Paz Alcalde, o rearmamento da Europa é um assunto sério, sobretudo porque é completamente "contrário" aos princípios que nortearam o nascimento da União Europeia depois da Segunda Guerra Mundial.
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“Foi uma resposta institucional, não violenta, para organizar a convivência. Mas agora entramos numa dinâmica política em que, em vez de organizar a convivência, o que queremos é acabar com ela", diz Alcalde.
12.121 armas nucleares no mundo 4py4p
Atualmente, há 12.121 armas nucleares no mundo, segundo dados do anuário do ano ado do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês).
Uma “figura aberrante”, diz Alcalde, que é professor associado da Faculdade de Filosofia e do Mestrado em Orientação e Mediação Familiar da Pontifícia Universidade de Salamanca, Espanha.
“O horizonte da possibilidade de uso de armas nucleares leva à autodestruição da própria humanidade. Houve momentos em nossa história em que estivemos muito perto disso e não aprendemos com isso", diz Alcalde.
Para ele, o debate político não é “entre violência ou não-violência, a escolha é entre a aniquilação total ou a não-violência”.
Alcalde também disse que se a escalada militar continuar aumentando, é porque há "provavelmente um problema de liderança moral".
“O papa Francisco está sendo assim no mundo. O problema é que ele é muito solitário”, conclui.
A Pax Christi International é um movimento pacifista católico global que trabalha pela paz, pelo respeito aos direitos humanos, pela justiça e pela reconciliação.
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Victoria Cardiel é jornalista especializada em temas de informação social e religiosa. Desde 2013, ela cobre o Vaticano para vários veículos, como a agência de noticias espanhola Europa Press, e o semanário Alfa y Omega, da arquidiocese de Madri (Espanha).