Deportação em massa é incompatível com doutrina católica, diz novo bispo de Washington 4o5n15

A Santa Sé anunciou ontem que o papa Francisco nomeou dom McElroy, de 70 anos, como arcebispo de Washington D.C., uma arquidiocese de cerca de 667 mil católicos no Distrito de Columbia e em cinco condados no sul do Estado de Maryland.

Dom McElroy, progressista e um dos maiores aliados do papa Francisco nos EUA, foi criado cardeal em agosto de 2022. Ele era bispo de San Diego desde 2015.

Em Washington D.C., McElroy substitui dom Wilton cardeal Gregory, de 77 anos, que era arcebispo desde 2019.

A nomeação foi imediata. Gregory já apareceu ontem na lista de um dos “ex-arcebispos” de Washington D.C. no site da arquidiocese.

Os dois cardeais apareceram juntos na entrevista coletiva online.

A entrevista coletiva, que foi apresentada por um moderador, teve declarações preparadas pelos dois cardeais, duas perguntas de repórteres que o moderador fez a dom McElroy e uma pergunta de um repórter que o moderador fez a dom Gregory.

O cardeal Gregory assumiu a arquidiocese em abril de 2019, quando ela ava por dificuldades devido a revelações de abusos sexuais cometidos pelo ex-cardeal Theodore McCarrick, o sexto arcebispo de Washington D.C., a quem o papa Francisco demitiu do estado clerical, e a saída constrangedora do sétimo arcebispo, o cardeal Donald Wuerl, que foi duramente criticado pela forma como lidou com as acusações contra McCarrick e por como lidou com certos casos de abuso sexual do clero quando era bispo de Pittsburgh.

Dom Gregory, que tem sido visto como um arcebispo mais discreto do que seus antecessores, tem trabalhado para reparar os danos na arquidiocese de Washington D.C. Mas problemas financeiros e de outros tipos surgem, como disse dom McElroy em sua declaração.

“A jornada desta comunidade católica conheceu momentos de auge, as visitas de são João Paulo II, do papa Bento XVI e do papa Francisco, e também conheceu momentos de fracasso e vergonha — na traição maciça de jovens ao abuso sexual e no acerto de contas moral e financeiro por essa traição que está à nossa frente”, disse dom McElroy.

“Nessa mistura de auge e fracasso, não somos diferentes dos primeiros discípulos do Senhor. A luz de Cristo irradia na comunidade católica desta diocese em todas essas dimensões, mas, mais poderosamente, irradia nas vidas de mulheres e homens individuais que formam o povo de Deus, lutando em um mundo cheio de turbulência, dificuldades e ilusão para seguir o caminho de Cristo”, disse também o cardeal McElroy.

A primeira pergunta que dom McElroy respondeu foi sobre reduzir a dependência dos chamados combustíveis fósseis (como petróleo e gás natural) na diocese de San Diego, por exemplo, por meio do uso de painéis solares.

O cardeal, fervoroso defensor da encíclica Laudato si' , do papa Francisco, com foco no meio ambiente, disse que a arquidiocese de San Diego implementou o plano já existente da arquidiocese de Washington D.C.

“Então, estou aqui tanto para aprender quanto para trazer novas ideias. Acho que um dos grandes desafios para a Igreja no mundo neste momento é o cuidado com nosso lar nesta Terra, com o planeta, e todo o abuso que ele sofre”, disse dom McElroy. “E é uma questão importante em termos do nosso mundo. Como vamos preservar a criação que Deus nos deu e melhorar”.

A segunda e última pergunta que ele respondeu foi sobre o segundo governo Trump.

Dom McElroy disse que abordou uma questão semelhante sobre polarização nos EUA num de discussão há cerca de seis meses, muito antes da eleição que Trump venceu em novembro ado. Sua resposta continua a mesma, disse o cardeal.

“Todos nós, como americanos, devemos esperar e rezar para que o governo da nossa nação tenha sucesso em ajudar a melhorar nossa sociedade, nossa cultura, nossa vida e toda a nossa nação. E essa é minha oração. Era minha oração então, sem saber quem seria, e é minha oração agora”, disse dom McElroy.

“Rezo para que a istração do presidente Trump e todos os legisladores e governadores estaduais e locais em todo o país trabalhem juntos para tornar nossa nação realmente melhor e para falar sobre os principais problemas que enfrentamos e fazer a diferença. E então nossa primeira responsabilidade para todos nós é apoiar essa meta, o sucesso do nosso governo”.

Dom McElroy era visto como um provável substituto de dom Gregory desde pelo menos 10 de outubro de 2024, quando se encontrou com o papa Francisco no Vaticano, junto com os outros dois grandes aliados do papa nos EUA, o arcebispo de Newark, Nova Jersey, dom Joseph cardeal Tobin; e o arcebispo de Chicago, Illinois, dom Blase cardeal Cupich. Embora os detalhes da reunião privada não tenham sido divulgados, observadores sugeriram que eles falaram sobre arquidioceses importantes que precisavam ser preenchidas, como a de Washington D.C.

Dom Gregory, que foi nomeado arcebispo de Washington em abril de 2019, serviu cinco anos e nove meses no posto. O mandato de seu sucessor pode ser ainda mais curto.

Dom McElroy faz 71 anos no mês que vem. Pela lei da Igreja, ele deve apresentar sua renúncia ao papa no início de fevereiro de 2029, cerca de quatro anos a partir de agora, quando ele fizer 75 anos. O papa Francisco permitiu que certos bispos continuassem servindo até os 80 anos, o que para o cardeal McElroy significaria 2034.

Dom Gregory respondeu a uma pergunta na entrevista coletiva, dizendo que planeja permanecer na arquidiocese de Washington D.C. e ajudar de qualquer maneira que puder.

No final, dom McElroy sussurrou para dom Gregory: “Isso foi fácil”.