Dom Rolando Álvarez celebra missa pública pela Nicarágua 301n1k
Dom Rolando Álvarez celebrando missa em Sevilla, Espanha. | Crédito: Padre Erick Díaz.
Por Walter Sánchez Silva
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24 de dez de 2024 às 09:52
Na sua primeira missa pública celebrada em Sevilha, Espanha, dom Rolando Álvarez, exilado em Roma desde janeiro deste ano, rezou pela “amada Nicarágua” e ofereceu a sua cruz peitoral a Nossa Senhora das Dores.
“Para mim é um prazer, uma alegria e sobretudo uma bênção estar celebrando entre vocês esta santa eucaristia em honra a Nossa Senhora das Dores, na memória de Nossa Senhora da esperança, Nossa Senhora da expectativa, da doce espera e devo dizer também que às vésperas dos 100 anos da fundação canônica da minha abençoada e amada diocese de Matagalpa, na Nicarágua”, disse Álvarez em sua homilia.
A diocese de Matagalpa foi fundada em 19 de dezembro de 1924, no pontificado do papa Pio XI.
“Rezamos por vocês neste belo povoado de gente maravilhosa e pela nossa querida Nicarágua”, acrescentou o bispo de Matagalpa e apostólico de Estelí, como aparece no vídeo de 100% Noticias Nicaragua.
Na paróquia de Nossa Senhora de Las Huertas, em Puebla de Los Infantes, Sevilha, dom Álvarez recordou em sua homilia alguns trechos da carta do papa Francisco à Igreja na Nicarágua, que sofre perseguição pelo regime de Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma mais de 30 anos no poder, e sua mulher e “copresidente”, Rosario Murillo.
“Não vos esqueçais da amorosa Providência do Senhor, que nos acompanha e é o único guia seguro. Precisamente nos momentos mais difíceis, quando se torna humanamente impossível poder compreender o que Deus quer de nós, somos chamados a não duvidar da sua atenção e da sua misericórdia”, diz o papa Francisco no texto lido por dom Álvarez.
“Tende a certeza de que a fé e a esperança fazem milagres. Olhemos para a Virgem Imaculada, Ela é o testemunho luminoso de tal confiança. Vós experimentastes sempre a sua proteção maternal em todas as vossas necessidades e demonstrastes a vossa gratidão com uma religiosidade muito bela e espiritualmente rica”, acrescenta o papa no citado texto.
Dom Álvarez também leu um trecho da carta Patris Corde, que o papa Francisco escreveu para o Ano de São José: “Em todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu «fiat», como Maria na Anunciação e Jesus no Getsêmani. (…) o Evangelho diz-nos que Deus consegue sempre salvar aquilo que conta, desde que usemos a mesma coragem criativa do carpinteiro de Nazaré, o qual sabe transformar um problema numa oportunidade, antepondo sempre a sua confiança na Providência".
Para concluir a homilia, o bispo fez votos de que “que Maria Nossa Senhora da Esperança, Nossa Senhora das Dores nos mantenha na expectativa diante da próxima vinda do seu filho, amém”.
A cruz peitoral para Nossa Senhora das Dores
No final da Missa, dom Rolando Álvarez ofereceu a sua cruz peitoral, um dos distintivos dos bispos da Igreja, à imagem de Nossa Senhora das Dores.
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“Quero fazer esse gesto de amor, deixando a minha cruz peitoral à Virgem Dolorosa, e gostaria que todos os meus fiéis em Matagalpa, no campo e na cidade pudessem contemplar isso, dizendo-lhes que de Puebla de los Infantes, estou rezando por eles”, disse dom Álvarez.
“E faço este gesto de amor por eles, pelo Senhor, pela Igreja, pela Santíssima Virgem. Espero que a Irmandade de Nossa Senhora guarde este peitoral em suas mãos, no local que considerar adequado, nesta data que para nós é memorável, muito memorável”, disse
Quem é dom Rolando Álvarez?
Dom Rolando Álvarez, de 57 anos, foi nomeado bispo de Matagalpa em 2011 pelo papa Bento XVI. Sua feroz defesa dos direitos humanos contra os abusos do governo – especialmente durante as manifestações civis de 2018 – valeu-lhe a perseguição do presidente Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda.
Dom Álvarez foi obrigado a permanecer confinsem ado em sua casa episcopal desde o início de agosto de 2022, junto com padres, seminaristas e um leigo.
Duas semanas depois, quando estavam quase comida, a polícia invadiu a casa e levou dom Álvarez para Manágua, capital do país.
Em meio a um processo questionado, o governo o condenou em 10 de fevereiro de 2023 a 26 anos e quatro meses de prisão, acusando-o de ser “traidor da pátria”.
Desde então, o bispo esteve detido na prisão La Modelo, para onde são enviados presos políticos.
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Um dia antes de ser condenado, dom Álvarez se recusou a embarcar no avião em que o governo deportou mais de 200 presos políticos para os EUA.
O bispo foi finalmente deportado para Roma em 14 de janeiro de 2024, depois de mediação da Santa Sé, junto com o bispo de Siuna, dom Isidoro Mora, e outros padres e seminaristas.
Por decisão do papa Francisco, dom Rolando Álvarez foi um dos membros do Sínodo da Sinodalidade que aconteceu em outubro deste ano no Vaticano.
Walter Sánchez Silva é jornalista na ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, com mais de 15 anos de experiência cobrindo eventos da Igreja na Europa, América e Ásia.
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