EWTN verifica: Jesus feito com inteligência artificial não ouve confissões 6z5l24

O programa de IA teria sido treinado com conteúdo do Novo Testamento, com o objetivo de permitir que o avatar “Jesus” respondesse verbalmente, em 100 idiomas diferentes, a perguntas sobre a Bíblia de pessoas que entravam no confessionário.

Várias reportagens disseram que se tratava de um “holograma”, projeção 3D criada com lasers; mas um vídeo da rede de comunicações alemão Deutsche Welle mostra que o rosto artificial de “Jesus” aparece em um monitor de computador curvo atrás da grade do confessionário.

A instalação tem o nome de Deus in Machina (“Deus na máquina”, em latim, trocadilho com expressão literária Deus ex machina).

O laboratório disse que o projeto, descrito como uma obra de arte, “incentiva a pensar sobre os limites da tecnologia no contexto da religião”.

Análise: Apesar de ser colocada no confessionário, a paróquia diz em seu site que a instalação de IA é destinada a conversas, não confissões. A confissão, também chamada de sacramento da penitência ou reconciliação, é um dos sete sacramentos da Igreja e só pode ser feita por um sacerdote sempre em pessoa e nunca em um ambiente virtual.

Um teólogo da paróquia suíça disse que o projeto também tem como objetivo ajudar pessoas religiosas a se sentirem confortáveis ​​com a IA e, segundo relatos, disse ver potencial na IA para ajudar no trabalho pastoral dos padres, já que a IA pode estar disponível a qualquer hora, "24 horas por dia, então ela tem habilidades que os sacerdotes não têm".

Peter Kirchschläger, especialista em teologia moral, falou à Deutsche Welle em resposta aos comentários do teólogo que “devemos ser cuidadosos quando se trata de fé, cuidado pastoral e busca por significado na religião”.

“Essa é uma área na qual nós, humanos, somos, na verdade, muito superiores às máquinas. Então, devemos fazer isso nós mesmos”, disse Kirchschläger.

O projeto de arte suíço é a mais recente de uma série de tentativas — incluindo a adoção da tecnologia na Santa Sé — para fazer a IA trabalhar a serviço da fé católica, o que até agora produziu resultados ambíguos.

O CatéGPT, por exemplo, um chatbot de inteligência artificial projetado pelo engenheiro suíço Nicolas Torcheboeuf, busca dar respostas a perguntas sobre a doutrina da Igreja com base em documentos confiáveis. Outros serviços semelhantes baseados em IA ganharam popularidade, como o Magisterium AI (link em inglês), desenvolvido nos EUA.

Um projeto menos bem-sucedido foi um “padre” de IA criado e revelado no início do ano pelo apostolado apologético Catholic Answers, na Califórnia, EUA, que foi criticado por alguns usuários por seu avatar sacerdotal semelhante a um videogame. Pelo menos um usuário conseguiu incitar o personagem sacerdotal a ouvir sua confissão, levando o apostolado a prometer substituir o personagem padre por um personagem leigo chamado “Justin”.

Veredito: O projeto “AI Jesus” existe, mas não tem a intenção de ouvir confissões de pessoas ou substituir um padre. É uma exposição de arte criada por pesquisadores de uma universidade técnica local em conjunto com teólogos que dizem querer levantar questões sobre o uso da tecnologia em ambientes religiosos e demonstrar a capacidade da IA ​​de responder a perguntas sobre a Bíblia.