Bispo americano fala sobre suas expectativas para o Congresso Eucarístico Internacional 2024 725g2o

Depois de viver o Congresso Eucarístico Nacional dos EUA, que no final de julho reuniu cerca de 60 mil participantes em Indianápolis, dom Cantú considera relevante que a Igreja nos EUA tenha “uma ideia de como se vive a devoção eucarística num nível mundial".

“Cresci numa comunidade hispânica nos EUA e vi como se vive essa devoção, como as procissões tocam o coração e emocionam”, disse com Cantú. “Mas também estou interessado em ver que devoções vêm de outras partes do mundo”.

Por isso, o bispo diz que o Congresso Eucarístico Internacional “é uma clara oportunidade para regressar ao centro da nossa fé, que é Jesus na Eucaristia... Isso é o que nos realiza como cristãos, como católicos”.

“É importante lembrar que Cristo já está ativo no coração daqueles que são chamados. Não chegam à Eucaristia sem que Cristo, na sua palavra e graça, já esteja presente neles. O concílio Vaticano II fala das quatro presenças de Cristo na Eucaristia: no seu povo, no celebrante, na palavra proclamada e, claro, nos elementos eucarísticos”, disse dom Cantú, que também é doutor em teologia.

Esse encontro do cristão com o Santíssimo Sacramento “é um caminho que o Espírito Santo nos orienta a percorrer, para encontrar Cristo, e Cristo nos leva ao Pai”, disse o bispo.

“Esse Congresso é uma oportunidade para aprofundar esse relacionamento com Ele e ser nutrido para levar essa presença de Cristo às nossas comunidades, às nossas casas, aos nossos empregos”, disse dom Cantú.

O bispo convidou os fiéis a, além de prestarem atenção às apresentações e observarem a fé e a devoção da Igreja nestes dias, fazer “alguns momentos de silêncio, porque é aí que Cristo quer falar conosco, com toda nossa consciência e nosso coração”.

A profunda experiência de dom Cantú com Jesus na Eucaristia

Dom Cantú falou na entrevista sobre uma reflexão pessoal sobre sua experiência com Jesus na Eucaristia, baseada em seus 30 anos de sacerdote e 16 anos de bispo.

“Ao longo desses anos, houve momentos em que me senti cansado ou oprimido por uma crise”, disse dom Cantú. “Às vezes, quando me sento na minha capela pela manhã para falar com Jesus, fico sem palavras. Sei que Ele está presente, mas às vezes simplesmente sento-me e digo-Lhe: 'Aqui estou.' Embora nem sempre perceba intensamente a sua presença, algo acontece quando celebro a Missa, mesmo na intimidade da minha capela. As palavras da Eucaristia e as orações da Igreja tocam o meu coração, abrem-no e acendem a luz de Cristo”, disse o bispo.

Da mesma forma, dom Cantú diz estar plenamente seguro de que a relação com a Eucaristia foi uma fonte de força ao longo do seu ministério sacerdotal e episcopal.

“Nesses momentos de cansaço ou dificuldade, a Eucaristia é o que me enche de novo”, disse o bispo. “Através da celebração da Missa encontro Cristo de uma forma única e sei que Ele está sempre presente, dando-me a sua luz e a sua paz”.

Uma experiência eucarística que marcou a sua vida

O bispo americano falou sobre uma experiência eucarística do seu tempo como padre que considera milagrosa, quando o seu pai, no leito de morte, conseguiu receber Jesus em comunhão, momento que o marcou profundamente.

“Meu pai ficou paralítico e minha mãe cuidou dele em casa. Nós, seus oito filhos, sempre que podíamos, ajudávamos no que era necessário. Para meu pai, como homem hispânico, era difícil não poder se vestir ou fazer as coisas sozinho. Seu ego sofreu muito, ele não entendia por que, depois de ter trabalhado tanto na vida, estava ando por isso na velhice. Ele entrou em uma depressão muito profunda”, disse dom Cantú.

“Lembro-me de um momento em particular quando fui visitá-lo. Ele não respondeu, não falou com minha mãe nem comigo. Falei com ele, mas não obtive resposta. Finalmente, quando o tempo de voltar à minha paróquia estava se esgotando, eu lhe disse: 'Papai, trouxe a Eucaristia, você quer recebê-la?' Imediatamente, ele me olhou diretamente nos olhos e disse 'sim'. Ele pegou a mão de minha mãe e começamos a rezar juntos”, disse o bispo.

“Ele ouviu, mas não respondeu ao filho nem à mulher. Porém, quando mencionei a presença de Cristo, ele respondeu com aquela esperança de quem está nas trevas... e às vezes, só mencionar Jesus Cristo nos dá esperança de que há uma luz no fim do túnel".