Por Courtney Mares
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2 de fev de 2024 às 12:26
A única vítima do ataque de domingo (28), contra uma igreja católica em Istambul, Turquia, foi um muçulmano deficiente que costumava ir à missa, segundo seus familiares.
Tuncer Murat Cihan, um turco de 52 anos, foi morto a tiros por dois homens armados que atacaram a Igreja de Santa Maria, no distrito de Sariyer, em Istambul, durante a missa do último domingo.
Cihan era um muçulmano alevi com deficiência mental que frequentava a missa dominical há dois meses antes de ser morto no ataque terrorista, disseram dois de seus parentes à mídia local.
“Ele ia à igreja comigo”, disse Kazım Aydemir, tio da vítima, ao Gazete Duvar. “Ele era muito querido pela congregação. Eles o mataram em vão. Estamos muito tristes”, acrescentou.
Çağın Cihan, sobrinho de Cihan, disse à mesma mídia: “Ele era meu tio. Ele era uma pessoa simples e inocente e, sem dúvida, uma vítima inocente. Ele era aposentado e tinha uma leve deficiência mental. Nos últimos dois meses, ele ia à igreja todos os domingos”, acrescentou.
O funeral do Tuncer Murat Cihan aconteceu na segunda-feira (29), em um cemeví, local de culto alevi. Os alevis são a maior minoria religiosa na Turquia. Eles são uma seita do Islã xiita com práticas folclóricas únicas da Anatólia e não fazem abluções antes das orações nem jejuam durante o Ramadã.
Segundo o governo turco, 99% da população do país é muçulmana, incluindo os alevis. Cerca de 25 mil católicos vivem na Turquia, incluindo migrantes de África e das Filipinas, segundo um relatório de 2022 do Departamento de Estado dos EUA.
O vigário apostólico de Istambul, dom Massimiliano Palinuro, compareceu ao funeral de Cihan.
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“Ele era como um anjo puro. Ele perdeu a vida pela comunidade de lá”, disse dom Palinuro no funeral, segundo o meio de comunicação turco BirGün. “Ele era um muçulmano alevi, acreditava em Jesus como salvador e frequentemente participava da Santa Missa”, disse o bispo à CNA, a agência em inglês da EWTN News, do grupo de comunicação católico EWTN, ao qual pertence a ACI Digital.
Segundo o prefeito do distrito de Sariyer, em Istambul, Sukru Genc, cerca de 35 a 40 pessoas estavam dentro da igreja no momento do ataque, incluindo o cônsul-geral polonês, Witold Lesniak, e sua família.
“Quando o primeiro tiro foi disparado, todos se jogaram no chão. Depois do segundo tiro, a arma emperrou e eles [os atacantes] foram embora. Não sabíamos o que aconteceria a seguir, se o ataque continuaria”, disse Genc a BirGün.
“Durante o ataque, um cidadão de Bayburt, um cidadão muçulmano, perdeu a vida. Segundo o padre, ele frequentava regularmente a igreja e o presbítero conhecia essa pessoa; Ele disse que era uma boa pessoa”, declarou o prefeito.
Terroristas do Estado Islâmico assumiram a responsabilidade pelo ataque de Istambul ao seu meio de comunicação Aamaq, segundo a Associated Press. Dois suspeitos – um do Tajiquistão e outro da Rússia – foram presos.
O ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya, descreveu-os como membros do Estado Islâmico, enquanto a Conferência Episcopal Turca pediu orações pela vítima e pela sua família.
“Exigimos firmemente que a verdade seja revelada e que seja garantida maior segurança às nossas comunidades e igrejas. Pedimos a todos que não espalhem a cultura do ódio e da discriminação religiosa”, disse o arcebispo de Izmir e presidente da Conferência Episcopal da Turquia, dom Martin Kmetec.
Courtney Mares é correspondente em Roma, Itália, pela Catholic News Agency (CNA), agência em inglês da EWTN. Formada pela Universidade de Harvard, nos EUA, ela fez reportagens em agências de notícias em três continentes e recebeu a bolsa Gardner Fellowship por seu trabalho com refugiados norte-coreanos.