Por Eduardo Berdejo
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27 de nov de 2023 às 15:47
O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, manifestou a esperança de que a libertação de um primeiro grupo de reféns, iniciada na sexta-feira (24), ajude a encontrar soluções para acabar com a guerra entre Israel e o grupo radical muçulmano Hamas.
Na sexta-feira (24) entrou em vigor o cessar-fogo de quatro dias acordado entre Israel e o Hamas, com o objetivo de a organização islâmica libertar 50 reféns sequestrados em Israel no dia 7 de outubro em troca de 150 mulheres e menores palestinos presos em Israel por ataques contra israelenses.
O cessar-fogo também permitirá a entrada de ajuda humanitária para cuidar da população da Faixa de Gaza.
Numa entrevista publicada no Vatican News, site de notícias oficial da Santa Sé, o cardeal disse que chegar “a um acordo sobre a libertação de ao menos alguns dos reféns é positivo, porque até agora o único canal de comunicação era o militar.”.
“Em vez disso, esse é um primeiro o para aliviar a tensão interna e internacional. Além disso, é também uma maneira de começar a iniciar outras soluções além das militares: quero dizer, soluções para acabar com o conflito”, acrescentou.
O cardeal disse que “a solução não pode ser deixada apenas para os militares” e que “a política deve retomar a situação em suas próprias mãos, dar acima de tudo perspectivas, porque os militares não as têm”.
“Portanto, está claro que as negociações, a libertação dos reféns, são os primeiros os para iniciar os caminhos das perspectivas políticas para Gaza após essa guerra. Isso é necessário”, disse ele.
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Durante a entrevista, o cardeal Pizzaballa reconheceu que “não é fácil” derrotar uma ideologia como a do Hamas, cujo objetivo é destruir o Estado de Israel.
Para conseguir isso, “é preciso remover, pouco a pouco, com paciência - os tempos são longos - tudo o que alimenta essa ideologia. Portanto, é preciso remover as raízes. É inútil cortar os galhos, porque eles podem voltar a crescer.”
Para Pizzaballa, “antes de tudo, é preciso dar uma perspectiva aos palestinos. Eu já disse isso e sei que muitas pessoas não gostaram: é preciso dar a eles uma perspectiva nacional que eles ainda não têm”.
O Estado de Israel nasceu em 1948, no então Mandato Britânico da Palestina. A resolução da ONU de 1947 estabeleceu que seriam criados dois Estados no território, um judeu e um árabe. Israel aceitou a resolução e declarou sua independência. Os países árabes, especialmente Egito, Jordânia e Síria, não aceitaram, invadiram os territórios destinados ao país árabe e deram início a uma série de guerras com Israel.
Hamas, que desde 2007 controla a Faixa de Gaza, não reconhece o acordo de paz do início dos anos 1990 entre Israel e a Organização pela Libertação da Palestina, que deu origem à Palestina, por não reconhecer o Estado de Israel.
“Esta guerra”, lamentou o cardeal, “é um testemunho muito claro de que os dois povos não podem viver juntos, pelo menos não neste momento. Eles precisam ter uma perspectiva clara, definida e precisa, mais do que tem sido o caso até agora”.
“Além disso, há outro aspecto. O Hamas também é uma ideologia religiosa; portanto, o diálogo inter-religioso é muito importante, assim como é muito importante nutrir e desenvolver um discurso religioso que não seja focado no ódio”, disse.
Eduardo Berdejo es egresado de la Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Perú). Forma parte del equipo de ACI Prensa desde el 2001.