O Sínodo da Sinodalidade convocado pelo papa Francisco acirrou o embate entre correntes internas na Igreja que se digladiam desde o Concílio Vaticano II. Acusações de manipulação em nome de uma agenda mundana, por um lado, e pressão por ordenação de mulheres, fim do celibato sacerdotal e alteração da moral sexual católica para aceitar a homossexualidade vieram à tona logo no início da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que pela primeira vez reúne não só bispos, mas até leigos com direito a voto.

“Certamente não podemos ignorar o mundo, e por isso é errado entrincheirar-nos no ado, mas nunca devemos esquecer que estamos no mundo e não somos do mundo”, disse o cardeal Agostino Marchetto à ACI Digital. “Não podemos subverter a Tradição doutrinal e moral da Igreja para agradar ao mundo. Olhamos para a Cruz de Cristo, gloriosa sim, mas ainda assim, Cruz”.

Marchetto, criado cardeal pelo papa Francisco no último 30 de setembro, é, segundo o próprio papa, “o melhor intérprete do Concílio Vaticano II”. Para o cardeal, “é necessário reforçar o diálogo interno na Igreja entre as diversas posições, entre aqueles que exaltam a fidelidade exclusiva à Tradição e aqueles que, ao contrário, pretendem adaptar-se ao mundo”.