Por Ary Waldir Ramos Díaz
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Lisboa, 20 de jul de 2023 às 15:07
O papa Francisco se reunirá com um grupo de vítimas de abusos de forma "privada e reservada" durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023. O patriarca de Lisboa, cardeal Manuel Clemente, anunciou que este encontro acontecerá, embora não tenha sido previsto no programa oficial.
A Jornada Mundial da Juventude acontece de 1º a 6 de agosto, em Lisboa, Portugal.
O cardeal não forneceu detalhes sobre o local e o dia em que acontecerá o encontro entre o papa e as vítimas. “Será feito assim para proteger a privacidade destas pessoas”, disse hoje (20), durante uma coletiva de imprensa online organizada pela Associação Internacional de Jornalistas Credenciados do Vaticano (AIGAV).
As vítimas serão acolhidas pelo papa Francisco têm sido acompanhadas por associações e grupos que já estão em contato e trabalham com a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na prevenção e combate aos abusos sexuais, de consciência e de poder.
O cardeal Clemente confirmou que os organizadores da JMJ esperam a participação de mais de um milhão de jovens em Lisboa. Os inscritos na jornada representam todos os países do mundo.
Polêmica sobre os custos da JMJ
Sobre a polêmica em relação aos custos da JMJ Lisboa 2023, o cardeal-patriarca afirmou “que tudo o que este evento vai oferecer à sociedade portuguesa, crente ou não, será muito mais do que qualquer despesa”. Destacou que nada pode ser feito sem ajuda do Estado e “os cidadãos civis têm visto a JMJ como algo importante para a sociedade e para o país”.
Via-sacra
No programa do papa, destaca-se a importância da via-sacra com os jovens na “Colina do Encontro” (Parque Eduardo VII), que acontecerá no dia 4 de agosto e abordará temas como a crise climática e migratória. Os textos e os gestos dos jovens durante a via-sacra são pensados para abraçar os sofrimentos da humanidade, como a guerra na Europa Oriental e em outros lugares.
A visita a Fátima
Sobre a visita a Fátima, o papa Francisco sempre manifestou o desejo de ir durante esta JMJ, e levará diante da Virgem Maria tudo o que o preocupa, incluindo os problemas da Europa. Ele pedirá pelo fim da guerra na Ucrânia. Cerca de 500 jovens da Ucrânia participarão dos eventos e espera-se que também haja um grupo da Rússia.
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Oração pela conversão da Rússia e Putin
Um jornalista perguntou ao cardeal português se o papa vai rezar pela conversão da Rússia e do presidente russo, Vladimir Putin, por ocasião de sua visita ao santuário mariano de Fátima no dia 5 de agosto. O cardeal Clemente respondeu que Francisco levará em conta em Fátima todos os problemas da humanidade que estão no coração da Igreja. Assegurou que não sabe o que o papa dirá especificamente em Fátima, mas que certamente irá lá rezar por tudo o que aflige o mundo. Prevê-se que o papa reze o terço junto com jovens doentes na capela principal do santuário.
Não querem converter os jovens a Cristo?
No dia 6 de julho, o responsável da JMJ Lisboa 2023, dom Américo Aguiar, disse em entrevista que não se pretende converter os jovens a nenhuma religião.
“Ele disse que quando jovens de outras religiões se encontram em Lisboa, nós não temos a pretensão de convertê-los a Cristo, mas certamente tudo na JMJ lembra Cristo, entre nós”, respondeu o cardeal Clemente. Por isso, “aqueles que vierem ouvirão os apelos a caminhar conosco neste caminho de reconciliação e de paz”.
Também amenizou as expressões de dom Américo Aguiar, ao dizer que "o papa João Paulo II teve palavras semelhantes dirigidas aos jovens muçulmanos em Casablanca", Marrocos, em 19 de agosto de 1985. Citou ainda o discurso do papa Bento XVI à cúria romana, em dezembro de 2012, no qual fala da importância do “diálogo com as religiões”, e o texto do papa Francisco sobre a “fraternidade humana”.
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Ary Waldir Ramos Díaz é correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano. É jornalista vaticanista com mais de 10 anos de experiência.
