Por Almudena Martínez-Bordiú
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Vaticano, 13 de abr de 2023 às 10:22
O papa Francisco recebeu hoje (13) no Palácio Apostólico do Vaticano os membros da Associação Religiosa de Institutos Sociais e de Saúde da Itália, conhecida pela sigla ARIS. Ele disse que em muitos lugares os velhos são privados de todos os medicamentos necessários, o que ele definiu como uma eutanásia "oculta e progressiva".
Para o papa, “a Igreja tem feito muito, através dos cuidados de saúde, para ouvir e prestar atenção aos segmentos pobres, fracos e abandonados da sociedade”.
Ele falou sobre a cultura do descarte, que na saúde "pode mostrar suas consequências dolorosas mais do que em qualquer outro lugar, às vezes de forma evidente".
“Quando o paciente não é colocado no centro e sua dignidade não é considerada, geram-se atitudes que podem até levar a especulações sobre as desgraças dos outros, o que deve nos deixar alertas”, disse o papa.
Francisco falou da importância de “recuperar o carisma fundacional da saúde católica para aplicá-lo nesta nova situação histórica”.
O papa falou da necessidade de “fazer caminhos de discernimento e tomar decisões corajosas, lembrando que a nossa vocação é estar na fronteira da necessidade”.
“Como Igreja, somos chamados a responder sobretudo à demanda de saúde dos mais pobres, dos excluídos e daqueles que, por razões econômicas ou culturais, veem suas necessidades ignoradas”.
O papa citou a chamada “pobreza sanitária” e lembrou aquelas pessoas que, por falta de meios, não podem procurar tratamento ou têm dificuldades de o aos serviços de saúde “devido às listas de espera muito longas, inclusive para consultas urgentes e necessárias".
Francisco falou da necessidade de “cuidados intermediários, dada a tendência crescente dos hospitais de dar alta aos pacientes em pouco tempo”, o que provoca, segundo o papa Francisco, “linhas de ação pouco respeitosas com a própria dignidade da pessoa”, especialmente para pessoas mais velhas.
“Um idoso deve tomar estes medicamentos, e se para poupar dinheiro ou por isto ou por que motivo não lhe dão estes medicamentos, trata-se de uma eutanásia oculta e progressiva”, denunciou.
Ele disse que em muitos lugares “os idosos que têm que tomar quatro-cinco remédios e só conseguem dois: isso é uma eutanásia progressiva, porque não se dá a eles aquilo de que precisam para se curar.”.
“O cuidado da saúde de inspiração cristã tem o dever de defender o direito ao cuidado especialmente dos setores mais fracos da sociedade, privilegiando os lugares onde as pessoas são mais sofredoras e menos cuidadas, mesmo que isso implique reconverter os serviços existentes em outros novos”.
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“Hoje existem diferentes oportunidades de o à assistência para quem tem dinheiro”, mais do que “para quem é mais pobre”.
Para o papa, a missão dos hospitais religiosos é, antes de tudo, “cuidar dos descartados pela economia da saúde e por uma certa cultura contemporânea”.
Diante da "complexa realidade" de hoje, Francisco exortou as instituições de saúde de inspiração religiosa a terem "a coragem de se unir e trabalhar em rede, fugindo de qualquer espírito competitivo, unindo competências e recursos e talvez, constituindo novas entidades jurídicas, através das quais possam ajudar especialmente as menores realidades”.
"Não tenham medo de tomar novos caminhos -arriscar, arriscar-, para evitar que nossos hospitais, só por razões econômicas, sejam alienados -é um perigo e até atual".
Francisco citou a Pontifícia Comissão para as Atividades do Setor Sanitário das Pessoas Jurídicas Públicas da Igreja e convidou os presentes a uma “colaboração ativa e construtiva”.
Ele incentivou a acompanhar as pessoas “que acolhem em suas instituições com cuidado integral, que não descuidem da assistência espiritual e religiosa aos doentes, suas famílias e agentes de saúde”.
“Nisto também as instituições de saúde de inspiração cristã devem ser exemplares. E não se trata só de oferecer um ministério sacramental, mas de uma atenção integral à pessoa”, disse.
"Ninguém, ninguém deve se sentir sozinho na doença, pelo contrário, todos devem ser apoiados em suas perguntas de sentido e ajudados a percorrer o caminho às vezes longo e cansativo da doença com esperança cristã", concluiu o papa.
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Almudena Martínez-Bordiú é uma jornalista espanhola correspondente da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em Roma e no Vaticano, com quatro anos de experiência em informação religiosa.