Uma cartilha publicada pelo Ministério da Saúde afirma que “não existe aborto legal” no Brasil e que, no país, “todo aborto é crime, sendo afastada a pena” em casos específicos. A publicação da cartilha repercutiu na mídia nacional que, em muitos casos, classificou como “mentira” a afirmação do Ministério da Saúde. Entretanto, segundo a vice-presidente da União dos Juristas Católicos de Goiânia (UNIJUC), Rita de Cassia Nunes Machado, a declaração do ministério está correta.

“Não existe aborto ‘legal’ como é costumeiramente citado, inclusive em textos técnicos. O que existe é o aborto com excludente de ilicitude. Todo aborto é um crime, mas quando comprovadas as situações de excludente de ilicitude após investigação policial, ele deixa de ser punido”, diz o manual intitulado “Atenção técnica pra prevenção, avaliação e conduta nos casos de abortamento”, elaborado pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde.

A cartilha recorda que, pelo Código Penal, o aborto só não é punido em três hipóteses: quando não há outro meio de salvar a vida da mulher, quando a gravidez é resultante de estupro e em caso de bebê anencéfalo. Esta última hipótese foi estabelecida após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2012.