Promover a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum são os objetivos de uma educação enraizada no Evangelho, diz dom João Justino de Medeiros, arcebispo metropolitano de Goiânia e presidente da Comissão Espiscopal para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Defendendo a ideia de que “é tarefa primordial dos pais a educação de seus filhos”, dom Justino falou com exclusividade á ACI Digital sobre a Campanha da Fraternidade deste ano, que teve como tema “Fraternidade e Educação”.

ACI Digital - No Brasil, a educação depende em grande medida do Estado. Através dos órgãos estatais nas várias esferas, conteúdo em desalinho com a doutrina católica, como a ideologia de gênero, tem ganhado espaço nas escolas, mesmo privadas, graças ao poder de impor currículos dos órgãos de Estado. Essa é uma grande preocupação para famílias católicas, mas a CF não fala disso. Por que não há essa preocupação da parte dos bispos?

Dom Justino - O objetivo geral da Campanha da Fraternidade deste ano é “promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário”. Para quem conhece a antropologia cristã é evidente que não há espaço para a defesa da chamada “ideologia de gênero”. Como metodologia de “campanha” a Igreja quer estimular que as pessoas, sobretudo de suas comunidades, conversem sobre todos os assuntos pertinentes à educação em nosso país e incentivem propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado com a casa comum. A abordagem qualificada do texto base da CF oferece parâmetros suficientes para se emitir juízos em favor de uma educação que não dá entrada para ideologias na contramão do humanismo inspirado pelos valores e princípios cristãos.