Conferência Episcopal de Porto Rico não fala dos motivos da demissão de bispo 5rp

“Por deferência e respeito aos processos canônicos internos da Igreja, estas serão as únicas expressões oficiais que serão feitas sobre este assunto, no momento”, destacou a Conferência Episcopal de Porto Rico.

Dom Daniel Fernández Torres foi demitido pelo papa Francisco como bispo de Arecibo ontem (9), aos 57 anos.

Os bispos são obrigados a apresentar sua renúncia ao papa aos 75 anos, como estabelece o cânon 401 do Código de Direito Canônico, a lei da Igreja. Para renunciar antes do limite de idade deve haver uma razão grave, que costuma ser por motivos de saúde.

Embora o motivo da demissão não tenha sido divulgado, a ACI Prensa apurou pelo menos dois fatores que pesaram na decisão da Santa Sé.

O primeiro seria a recusa inicial do bispo de Arecibo em transferir os seminaristas de sua diocese, atualmente em formação na Universidade de Navarra, Espanha, para o novo seminário interdiocesano de Porto Rico, aprovado pela Santa Sé no início de março de 2020.

O bispo de Arecibo defendeu o direito dos fiéis católicos à objeção de consciência à vacinação obrigatória em comunicado publicado em 17 de agosto de 2021 A orientação da Congregação para a Doutrina da Fé da Santa Sé diz explicitamente que a a vacinação deve ser voluntária.

Dom Fernández Torres recusou-se a uma declaração da Conferência Episcopal de Porto Rico que dizia: “há um dever de se vacinar e que não vemos como se pode invocar uma objeção de consciência a partir da moral católica”. Na declaração, pede-se que os católicos não vacinados “se abstenham de participar das demais atividades comunitárias presenciais das igrejas”.

Em uma mensagem divulgada depois que sua demissão foi tornada pública, o agora bispo emérito de Arecibo disse que sugeriram que ele renunciasse porque "supostamente 'não fui obediente ao papa nem tive comunhão suficiente com meus irmãos bispos de Porto Rico".

Dom Daniel Fernández Torres lamentou "que na Igreja onde se prega tanto a misericórdia, na prática alguns não tem um senso de justiça mínimo. Não fui processado nem formalmente acusado de nada”.

Dom Daniel Fernández Torres nasceu em Chicago, EUA, em 1964 e foi ordenado sacerdote da diocese de Arecibo aos 30 anos, em 1995.

Em 2007, Bento XVI o nomeou bispo auxiliar da arquidiocese de San Juan de Puerto Rico, liderada então e atualmente por dom Roberto Octavio González Nieves. Três anos depois foi nomeado bispo de Arecibo.

Dom Daniel Fernández Torres tem sido a voz mais crítica da Igreja em Porto Rico contra a ideologia de gênero.

O arcebispo de San Juan de Puerto Rico, dom Roberto Octavio González Nieves, escreveu ontem (9) em um comunicado que a demissão de seu bispo auxiliar entre 2007 e 2010 "é uma notícia dolorosa", pela qual "encorajo toda a população, especialmente o clero, religiosos e religiosas de Arecibo, a acompanhar dom Daniel com suas orações e afeto nesta situação particularmente difícil”.

“Esta manhã, me perguntaram se eu havia falado com dom Daniel. Enviei a dom Daniel esta mensagem de texto: 'Daniel... Eu sei que você está ando por um momento muito doloroso. Eu o acompanho com minhas orações e sentimentos fraternos'", lembrou.

No final de sua mensagem, o arcebispo de San Juan de Porto Rico pediu que "rezemos também pelo Santo Padre, o papa Francisco, para que em sua complexa e difícil missão de conduzir a Igreja universal, o Espírito Santo possa sempre enchê-lo com seus dons".

O papa Francisco nomeou dom Álvaro Corrada del Río, jesuíta e bispo emérito de Mayagüez, como apostólico.

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Sou abençoado por sofrer perseguição, diz bispo demitido pelo papa https://t.co/q98ORqOVTt

— ACI Digital (@acidigital) March 9, 2022