“Diante de uma vida humana eu me faço duas perguntas: é lícito eliminar uma vida humana para resolver um problema? É justo contratar um matador para resolver um problema? Com essas duas perguntas que se resolvam os casos de eliminação de pessoas, por um lado ou pelo outro, [eutanásia e aborto] porque são um peso para a sociedade”, disse o papa Francisco em entrevista à rádio Cope, da Espanha.

Falando ao jornalista Carlos Herrera, o papa disse que, na cultura atual, centrada no descarte de pessoas, “os velhos são material descartável: incomodam”, assim como “os doentes em estados mais terminais, também; as crianças não desejadas, também; e são enviadas ao remetente antes que nasçam”. Nessa “cultura do descarte”, na qual “o que não serve é descartado”, disse Francisco, há o perigo de que “o que se semeia com o descarte, será recebido depois”.

Em relação ao aborto, o papa descartou as discussões sobre “se até aqui você pode [praticar o aborto], que até lá não se pode”. Para Francisco, “qualquer manual de embriologia que um estudante de medicina recebe na faculdade diz que, na terceira semana da concepção, às vezes até antes de que a mãe perceba [que está grávida], já estão definidos todos os órgãos no embrião, inclusive o DNA. É uma vida. Uma vida humana. Alguns dizem: ´não é pessoa`. É uma vida humana!”.