Vaticano, 17 de set de 2020 às 10:34
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Um representante do Vaticano lamentou a inclusão do termo "direitos reprodutivos" em uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o coronavírus, algo que considerou "profundamente preocupante e polêmico".
O Arcebispo Gabriele Giordano Caccia, Observador Permanente da Santa Sé na ONU, em Nova York, fez esta declaração em seu discurso em 11 de setembro após a resolução da ONU intitulada “Resposta integral e coordenada à pandemia da doença por coronavírus (COVID -19)".
A resolução pede aos Estados que "tomem todas as medidas necessárias para garantir o direito das mulheres e meninas a gozar do mais alto nível de saúde possível, incluindo a saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos".
O Prelado disse que "a Santa Sé considera muito lamentável que a resolução adotada inclua a referência profundamente preocupante e polêmica à ‘saúde sexual e reprodutiva, e os direitos reprodutivos’”.
“Em conformidade com suas reservas expressas em conferências internacionais realizadas em Pequim e Cairo, a Santa Sé reitera que considera a frase 'saúde reprodutiva' e os termos relacionados como aplicados a um conceito holístico de saúde, que abrange a pessoa em sua integridade e personalidade, mente e corpo”, continuou.
De maneira particular, ressaltou o Núncio, “a Santa Sé rejeita a interpretação que considera o aborto ou o o ao aborto, o aborto seletivo, o aborto de fetos com diagnóstico de problemas de saúde, a barriga de aluguel e a esterilização, como dimensões da 'saúde reprodutiva' ou como parte da cobertura universal de saúde”.
As críticas do Arcebispo também foram expressas pela representação dos Estados Unidos, país que votou contra a resolução, que depois foi aprovada por 169 votos a favor, dois contra (Israel e EUA) e duas abstenções (Hungria e Ucrânia).
“Não aceitamos as referências à 'saúde sexual e reprodutiva' nem aos 'direitos reprodutivos' ou outra linguagem que sugira ou se refira explicitamente ao o ao aborto, como necessariamente incluído nos termos mais gerais 'serviços de saúde' ou 'serviços de cuidado da saúde', em particular, em contextos referentes às mulheres”, destacou a representação norte-americana.
“Estados Unidos acredita na proteção legal para os nascituros”, enfatizou.
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O país norte-americano também votou contra a resolução já que esta ressalta o "papel de liderança" da Organização Mundial da Saúde (OMS) contra o coronavírus.
Dom Caccia também criticou que a resolução foi adotada "sem consenso" e renovou o pedido do Vaticano de que a vacina contra o coronavírus "esteja livre de preocupações éticas" e esteja disponível para todos.
O Prelado lamentou “a exclusão das organizações religiosas da lista daqueles que desempenham um papel importante na resposta à pandemia” e comentou que as referências aos idosos no texto são inadequadas.
O Núncio também incentivou a usar uma "linguagem mais enérgica" em relação à reforma do sistema financeiro internacional, destacando a necessidade de não apenas "reduzir, mas cancelar, a dívida que oprime as nações mais pobres".
Publicado originalmente em CNA.
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