BERLIM, 6 de jul de 2020 às 09:25
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O monge beneditino Anselm Grün, conhecido por expor posições contrárias aos ensinamentos da Igreja, afirmou recentemente que "não há razões teológicas contra o sacerdócio da mulher".
O monge de 75 anos disse essas palavras ao "Katholischen SonntagsZeitung", o jornal da diocese de Augsburg (Alemanha). Embora não seja a primeira vez que Grün expressa essa posição, pois também o fez em abril de 2019 ao jornal argentino El Tribuno.
Em suas declarações à mídia alemã, o monge também expressou sua "esperança absoluta" de que em cem anos haverá sacerdotisas católicas.
No entanto, Grün explica que, por razões teológicas, São João Paulo II declarou impossível o sacerdócio das mulheres em sua carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis de 1994.
"Embora a doutrina sobre a ordenação sacerdotal que deve reservar-se somente aos homens, se mantenha na Tradição constante e universal da Igreja e seja firmemente ensinada pelo Magistério nos documentos mais recentes, todavia atualmente em diversos lugares continua-se a retê-la como discutível, ou atribui-se um valor meramente disciplinar à decisão da Igreja de não itir as mulheres à ordenação sacerdotal”.
"Portanto, para que seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja", escreveu o santo polonês.
O Papa Francisco também excluiu repetidamente o sacerdócio feminino. Em fevereiro de 2020, o Pontífice o justificou teologicamente em "Querida Amazônia", a exortação pós-sínodal do Sínodo para a Amazônia.
“Jesus Cristo apresenta-Se como Esposo da comunidade que celebra a Eucaristia, através da figura de um varão que a ela preside como sinal do único Sacerdote. Este diálogo entre o Esposo e a esposa que se eleva na adoração e santifica a comunidade não deveria fechar-nos em concepções parciais sobre o poder na Igreja", enfatizou o Papa, que explicou a compreensão católica de uma complementaridade entre os dois sexos, homens e mulheres.
"Porque o Senhor quis manifestar o seu poder e o seu amor através de dois rostos humanos: o de seu divino Filho feito homem e o de uma criatura que é mulher, Maria. As mulheres prestam à Igreja a sua contribuição segundo o modo que lhes é próprio e prolongando a força e a ternura de Maria, a Mãe", acrescentou.
"Deste modo", disse o Santo Padre, “não nos limitamos a uma impostação funcional, mas entramos na estrutura íntima da Igreja”.
Por sua parte, em maio de 2018, o Cardeal Luis Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, confirmou que o "não" à ordenação de mulheres era "ensinamento final".
Em sua carta intitulada " A propósito de algumas dúvidas sobre o caráter definitivo da Doutrina da Carta Apostólica Ordinatio sacerdotalis", o Cardeal lembrou que a Igreja sabe que a impossibilidade da ordenação de mulheres faz parte da substância do sacramento.
“A Igreja não tem capacidade de mudar essa substância, porque é precisamente a partir dos sacramentos instituídos por Cristo que ela é gerada como Igreja. Não se trata somente de um elemento disciplinar, mas doutrinal, enquanto refere-se à estrutura dos sacramentos, que são lugar originário do encontro com Cristo e da transmissão da fé”, escreveu o Purpurado.
Ladaria lembrou que "Cristo quis conferir este sacramento aos doze apóstolos, todos homens que, por sua vez, o transmitiram a outros homens".
"A Igreja", acrescentou, "sempre se reconheceu vinculada a esta decisão do Senhor, que exclui que o sacerdócio ministerial possa ser validamente conferido às mulheres”.
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Outras declarações controversas de Anselm Grün
Não é a primeira vez que Anselm Grün faz declarações controversas. Em abril de 2019, disse ao jornal argentino El Tribuno que "o celibato é possível, mas deveria ser opcional" para os sacerdotes.
Na mesma entrevista, afirmou que há professoras de teologia que “dão a missa de responso no lugar do diácono, e são muito mais cálidas neste momento. São avanços. Também existem comunidades lideradas por uma mulher, mas não podem dar os sacramentos”. “Não há razão teológica para a mulher não ser sacerdote. A sociedade está se desenvolvendo e a Igreja deve se adaptar", acrescentou.
Sobre o aborto, disse que "os sacerdotes, sobretudo se são celibatários, deveriam ficar fora do tema”.
Os livros de Anselm Grün
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Em maio de 2012, o especialista teólogo e sacerdote jesuíta uruguaio Horacio Bojorge criticou os livros do monge Anselm Grün, porque "reduz a mensagem revelada das Sagradas Escrituras; primeiro, porque a interpreta de forma acomodada e em segundo lugar, porque mediante este sentido não bíblico, a homologa com afirmações de natureza psicológica, fazendo assim do Evangelho um livro de autoajuda.
"O leitor desavisado se encontra com o relato do Evangelho e seu sentido literário tradicional que lhe é familiar, mas também se oferece, no mesmo nível, a acomodação psicológica, como se fosse igualmente válida”, advertiu aos fiéis.
O Pe. Bojorge advertiu que, nessa "acomodação psicológica, uma ressurreição pode simplesmente se tornar uma cura e ser tratada como tal. E uma possessão demoníaca pode se tornar um estado de exasperação emocional e psicológica". "A ressurreição não é negada, mas uma interpretação que a explica como cura é apresentada como uma alternativa válida. A ação demoníaca por possessão, obsessão ou tentação não é negada, mas fala-se das 'próprias sombras'".
Por essa razão, o sacerdote jesuíta considerou urgente "advertir que o hoje tão difundido ensinamento espiritual do beneditino alemão Anselm Grün navega na corrente modernista. E se espalha produzindo desvios muito prejudiciais por serem semelhantes ao caminho reto da fé e da espiritualidade católica".
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Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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