Por Eduardo Berdejo
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HAVANA, 12 de nov de 2015 às 15:55
Depois de aproximadamente dois meses de prisão, foram libertados na segunda-feira, 9, os três dissidentes da União Patriótica de Cuba (UNPACU), que em 20 de setembro burlaram a segurança cubana para aproximar-se do Papa antes da Missa em Havana. Um deles chegou até o papamóvel e disse ao Papa Francisco: “Senhor, esta é uma ditadura”. Segundo ele, o Pontífice lhe respondeu: “Está bem, meu filho. Muito obrigado. Eu já sei”.
Em um vídeo difundido na terça-feira, 10, pela UNPACU, os ativistas Zaqueo Báez Guerreiro, Ismael Boris Reñi e Maria Acón – que também pertence às damas de branco –, relataram como conseguiram evitar a segurança armada pelo governo cubano durante os dias da visita do Papa, a qual consistiu um bloqueio telefônico contra os opositores e a vigilância de suas moradias.
Zaqueo Báez, opositor que chegou até o papamóvel, contou que alguns dias antes da chegada do Pontífice se esconderam na casa de um amigo “porque nossas casas estavam cercadas pela segurança do estado, o qual nos assediava constantemente” a fim de que não participássemos dos eventos com o Santo Padre.
“Sabemos que houve muitos irmãos valentes que trataram de chegar, mas devido a este regime ditatorial e a forte repressão”, não o conseguiram, relatou.
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No seu caso, indicou: “Neste dia, dirigimo-nos à praça (…), chegamos ali e tentamos procurar um lugar onde pudéssemos expressar nossas ideias. Pois o objetivo principal era conseguir falar com o Papa para que intercedesse pelo povo cubano”, assinalou.
Em seguida, contou que quando o Santo Padre já estava perto, foi onde estava um membro da segurança papal e, ficando de joelhos, pediu-lhe: “’Senhor, me deixe dizer ao Papa que isto é uma ditadura’. E com um espanhol muito fluido, um dos guardas do Papa me disse ‘levanta-te, corra e diga-lhe’”.
No momento em que estava junto ao papamóvel – como viram na televisão internacional –, Zaqueo chegou perto do veículo e disse-lhe: “Senhor, isto é uma ditadura. Raul Castro é um mentiroso, isto é um regime ditatorial. Esta nação está sob a mais cruel das misérias humanas e aqui todos os domingos maltratam as damas de branco ao sair da Igreja de Santa Rita”, relatou.
Em declarações durante esta segunda-feira à Radio Martí, o ativista da UNPACU assegurou que o Papa lhe respondeu: “Está bem, meu filho. Muito obrigado. Eu já sei”.
Nesse momento, Zaqueo foi preso por agentes cubanos vestidos de civis, assim como Ismael e Maria. Enquanto era retirado da praça, Báez lançou uns santinhos com uma oração que pede para Cristo lembrar “dos seus filhos cubanos pois o necessitamos, dá-nos fortaleza para que nossa nação viva na liberdade e na verdade. Ensina-nos a amar aqueles que nos ofende e a proteger os excluídos”.
“Abençoa-nos com o dom do perdão a fim de que reine a justiça, a paz social e a reconciliação nacional. Fortalece a esperança de quem está longe de casa, desejando voltar para sua pátria querida e pela unidade familiar”, expressa a oração.
Os três foram retirados da praça, rodeados por vários guardas vestidos de civis, e permaneceram presos até a última segunda-feira. Entretanto, serão julgados pelo que aconteceu naquele dia 20 de setembro.
Eduardo Berdejo es egresado de la Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Perú). Forma parte del equipo de ACI Prensa desde el 2001.