MADRI, 13 de jun de 2014 às 12:07
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O Papa Francisco assegurou sentir-se esperançoso com a "nova música" que aprecia nos políticos jovens "sejam de centro, esquerda ou direita", afirmou o Papa em uma recente entrevista ao jornal espanhol ´La Vanguardia´.
"Possivelmente falem dos mesmos problemas, mas com uma nova música, e isso eu gosto, isto me dá esperança porque a política é uma das formas mais elevadas do amor, da caridade", sublinhou em uma entrevista ao 'La Vanguardia' em texto reproduzido pela Europa Press.
O Papa, que também é Bispo de Roma, incidiu na importância da política para mudar o mundo e contribuir "ao bem comum". "Uma pessoa que, podendo fazê-lo, não se envolve na política pelo bem comum, é egoísmo; ou que use a política pelo bem próprio, é corrupção", precisou.
O Santo Padre criticou o atual sistema econômico e o amor ao dinheiro por cima das pessoas. "Acredito que estamos em um sistema mundial econômico que não é bom. No centro de todo sistema econômico deve estar o homem, o homem e a mulher, e todo o resto deve estar ao serviço deste homem. Mas nós pusemos o dinheiro no centro, o deus dinheiro. Temos caído em um pecado de idolatria, a idolatria do dinheiro", explicou.
Neste sentido, lamentou que neste sistema se "descarta" os jovens quando se limita a taxa de natalidade e os idosos porque "já não servem, não produzem" e ao fazê-lo se está descartando o futuro dos países porque uns são os que contribuem com "a força" para levar adiante e os outros "a sabedoria".
"Preocupa-me muito o índice de desemprego dos jovens, que em alguns países supera 50 por cento. Alguém me disse que 75 milhões de jovens europeus menores de 25 anos estão sem emprego. É uma barbaridade. Mas descartamos toda uma geração por manter um sistema econômico que já não se sustenta, um sistema que para sobreviver deve fazer a guerra, como sempre fizeram os grandes impérios", alegou.
O Papa recordou neste sentido que, embora a globalização bem entendida "seja uma riqueza", também é certo que "mal entendida é aquela que anula as diferenças".
"Uma globalização que enriqueça", exemplificou, "é como um poliedro, todos unidos mas cada qual conservando sua particularidade, sua riqueza, sua identidade, e isto não é o que acontece".
O Papa Francisco condenou todo tipo de fundamentalismo, cuja "estrutura mental" seja "a violência em nome de Deus" e defendeu o diálogo interreligioso e a "identidade" religiosa como a maneira de obter "verdadeiras mudanças".
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"Nunca se pode dar um o na vida se não ser desde atrás, sem saber de onde venho, que sobrenome tenho, que sobrenome cultural ou religioso tenho", sublinhou.
Do mesmo modo, expressou o desejo de um diálogo interreligioso que aprofunde "na raiz judia do cristianismo e no florescimento cristão do judaísmo". "Entendo que é um desafio, uma batata quente, mas isto pode ser feito como irmãos. Eu rezo todos os dias o ofício divino com os salmos de David. Os 150 salmos são recitados em uma semana. Minha oração é judia, e logo tenho a Eucaristia, que é cristã", pontou.
O Papa também qualificou os que negam holocausto judeu, definindo a atitude como "uma loucura", e relacionou o anti-semitismo com "as direitas" embora não seja "uma regra fixa". "O anti-semitismo está acostumado a aninhar melhor nas correntes políticas de direita que de esquerda, não? E ainda continua", há dito.
"NÃO SOU UM ILUMINADO"
Em um plano mais pessoal, o Papa tornou a defender a pobreza e a humildade como valores fundamentais da Igreja e descartou o papel de "Papa pároco".
"Seria imaturo. Quando recebo um chefe de Estado, tenho que recebê-lo com a dignidade e o protocolo que se merece. É verdade que com o protocolo tenho meus problemas, mas é preciso respeitá-lo", recalcou.
Francisco frisou uma vez mais o valor do gesto de Bento XVI e incidiu em que declarou que o único mandato feito durante seu Papado foi o de "cumprir o que os cardeais refletiram nas Congregações Gerais" (as reuniões dos purpurados sobre os problemas da Igreja que aconteceram antes do conclave de 2013).
"Não sou um iluminado", asseverou o Pontífice, que também itiu que, embora ponha em risco sua segurança, seguirá aproximando-se às pessoas porque devida á sua idade não tem "muito a perder".
Finalmente, itiu que, embora não tenha pensado como gostaria de ser recordado na história da Igreja, ele diz que se conformaria com que dissessem dele: "Era um bom homem, fez o que pôde, não foi tão mal".