7 de junho de 2025 Doar
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Papa Francisco denuncia no Iraque: não podemos calar quando o terrorismo abusa da religião w4l5g

Encontro inter-religioso na Planície de Ur. | Colm Flynn EWTN News

Em seu segundo dia de visita ao Iraque, o Papa Francisco participou de uma reunião inter-religiosa na planície de sua terra de Abraão, da qual ele fez um apelo para construir fraternidade e asseverou: "não podemos ficar calados, quando o terrorismo abusa da religião".

Francisco chegou à planície de Ur no sábado, 6, após uma reunião privada com o líder muçulmano xiita Al Sistani em Najaf. Com a visita à terra de Abraão, o Pontífice realizou o sonho de seu antecessor São João Paulo II, que em 2000 não pôde viajar a este país.

Ur dos Caldeus é um dos mais antigos e mais importantes lugares históricos do Iraque, localizada a 24 quilômetros de Nassiriya, hoje conhecida como Tell al-Muqayyar (A Colina da Paz). Foi a capital do império sumério que no final de 3.000 a.C. dominou praticamente toda a Mesopotâmia.

Antes de fazer seu discurso, o Papa ouviu os depoimentos de dois jovens – um cristão e outro muçulmano – de uma mulher de religião pré-islâmica conhecida por Mandea, e de um professor muçulmano xiita.

A agem do livro do Gênesis que narra a partida de Abraão de sua terra de Canaã também foi lida; junto de uma agem do Alcorão também referindo-se ao Patriarca Abraão.

Diante dos líderes religiosos, o Santo Padre afirmou que judeus, cristãos e muçulmanos "são o fruto" do chamado de Deus a Abraão e de sua jornada para fora da terra de Ur, da qual ele veio confiando na promessa do Pai. 

Nesse sentido, ele disse que, como descendentes de Abraão, "temos acima de tudo o papel de ajudar nossos irmãos e irmãs a levantar nosso olhar e oração para o Céu", cientes de que os seres humanos precisam de Deus.

"O homem não é omnipotente; sozinho, não é capaz. E se escorraça Deus, acaba por adorar as coisas terrenas", advertiu o Papa, pois os bens do mundo " fazem muitos esquecer-se de Deus e dos outros".

"A verdadeira religiosidade: adorar a Deus e amar o próximo. No mundo atual, que muitas vezes se esquece do Altíssimo ou oferece uma imagem distorcida d'Ele, os crentes são chamados a testemunhar a sua bondade, mostrar a sua paternidade através da nossa fraternidade.".

Diante dos representantes religiosos, o Pontífice observou que, como crentes, "não podemos ficar calados, quando o terrorismo abusa da religião", e lembrou as atrocidades cometidas por terroristas no norte do Iraque, em referência ao grupo fundamentalista Estado Islâmico, que entre 2014 e 2017 devastou a planície de Nínive e parte da vizinha Síria.

"No entanto, mesmo naquele momento sombrio as estrelas brilharam. Penso nos jovens voluntários muçulmanos de Mossul, que ajudaram a refazer igrejas e mosteiros, construindo amizades fraternas sobre as ruínas do ódio, e penso nos cristãos e muçulmanos que hoje restauram conjuntamente mesquitas e igrejas", disse o Santo Padre.

Rezamos, disse ele, "para que a liberdade de consciência e a liberdade religiosa possam ser respeitadas em todos os lugares; que são direitos fundamentais, porque tornam o homem livre para contemplar o Céu para o qual ele foi criado.

Sair de nós mesmos

Em seu discurso, o Pontífice disse que, assim como Abraão tinha uma saída que realizava sacrifícios, seus descendentes "são chamados a deixar esses laços e laços que, trancando-nos em nossos grupos, nos impedem de aceitar o amor infinito de Deus e ver irmãos nos outros".

Nesse sentido, ele observou que a pandemia coronavírus "nos fez entender que 'ninguém se salva sozinho'". "Nas tormentas que estamos a atravessar, não nos salvará o isolamento, não nos salvarão a corrida armamentista e a construção de muros, que aliás nos tornarão cada vez mais distantes e irados. Não nos salvará a idolatria do dinheiro, que nos fecha em nós mesmos e provoca abismos de desigualdade onde se afunda a humanidade. Não nos salvará o consumismo, que anestesia a mente e paralisa o coração", alertou.

Francisco disse que "a maneira como o Céu aponta para nossa jornada é outra, é o caminho da paz. Isso requer, especialmente na tempestade, que remamos juntos na mesma direção."

" Queridos amigos, será possível tudo isto? Encoraja-nos o pai Abraão, que teve esperança para além do que se podia esperar (cf. Rm 4, 18). Na história, muitas vezes corremos atrás de metas demasiado terrenas e caminhamos cada um por conta própria, mas, com a ajuda de Deus, podemos mudar para melhor. Cabe a nós, a humanidade de hoje e principalmente os crentes das diferentes religiões, transformar os instrumentos do ódio em instrumentos de paz", disse ele.

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Nesse sentido, o Papa pediu a rejeição da proliferação de armas, a ambição do dinheiro, bem como cuidar da criação e da vida humana. " Cabe a nós fazer calar as mútuas acusações para dar voz ao grito dos oprimidos e descartados no planeta: muitos estão privados de pão, remédios, instrução, direitos e dignidade. Cabe a nós colocar à luz do dia as foscas manobras que giram à volta do dinheiro e pedir com veemência que o dinheiro não acabe sempre e só por nutrir a desenfreada comodidade de poucos. Cabe a nós salvaguardar a casa comum das nossas ambições predatórias. Cabe a nós lembrar ao mundo que a vida humana vale pelo que é e não pelo que tem, e que a vida de nascituros, idosos, migrantes, homens e mulheres de todas as cores e nacionalidades é sempre sagrada e conta como a de todos os outros", disse ele.

"O caminho de Abraão foi uma bênção de paz. Mas não foi fácil! Teve que enfrentar lutas e imprevistos. Também nós temos pela frente um caminho acidentado, mas precisamos, como o grande patriarca, de dar os concretos, peregrinar para descobrir o rosto do outro, partilhar memórias, olhares e silêncios, histórias e experiências", disse.

Após o discurso do Papa, representantes das várias religiões rezaram juntos a oração dos filhos de Abraão. A última atividade deste sábado será a missa que Francisco celebrará na Catedral de São José, em Bagdá.

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